
Alho
Espécie
Allium sativum L.
Família
Amaryllidaceae
Sinonímia
'-
Nome Popular
Alho
Parte utilizada/orgão vegetal
Bulbos frescos ou secos.(3,4)
Ref.: (1); (2); (3)
Indicado como coadjuvante no tratamento de bronquite crônica, asma, como expectorante,(5) e como preventivo de alterações vasculares.(5,6) Coadjuvante no tratamento de hiperlipidemia, hipertensão arterial leve a moderada, dos sintomas de gripes e resfriados e auxiliar na prevenção da aterosclerose. (3,4,5,7,8)
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
CONTRAINDICAÇÕES
Contraindicado para grávidas, pacientes com gastrite, úlcera gastroduodenal, hipertireoidismo, distúrbios da coagulação ou em tratamento com anticoagulantes,(9,10) histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um dos componentes do fitoterápico.(4) Não deve ser usado em pré ou pós-operatórios, devendo ser suspenso pelo menos 10 dias antes de procedimentos cirúrgicos.(9,10)
PRECAUÇÕES DE USO
Não usar em casos de hemorragia e tratamento com anticoagulantes e anti-hipertensivos.(4) Suspender o uso do fitoterápico duas semanas antes de intervenções cirúrgicas. Não usar em pessoas com gastrite, úlcera gastroduodenal, hipotensão arterial e hipoglicemia. Pode potencializar os efeitos antitrombóticos de fármacos anti-inflamatórios.(5)
EFEITOS ADVERSOS
Esse fitoterápico pode causar ardência na cavidade oral e no trato gastrointestinal,(5) mialgia, fadiga, vertigem,(11) sudorese, bem como reações alérgicas e asma.(12) O uso desse fitoterápico pode causar decréscimo do hematócrito e da viscosidade sanguínea, aumentando o risco de sangramento pós-operatório,(13) bem como hematoma epidural espontâneo.(14) Efeitos gastrointestinais, tais como desconforto abdominal, náuseas, vômitos e diarreia também são possíveis. Odores corporais característicos de alho podem ocorrer com o uso desse fitoterápico.(15)
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Foi descrita interação potencial entre Allium sativum e varfarina.(4,5) Esse fitoterápico não pode ser utilizado em associação com anticoagulantes orais, heparina, agentes trombolíticos, antiagregantes plaquetários e anti-inflamatórios não-esteroidais, por aumentarem o risco de hemorragias.(16) A associação desse fitoterápico com inibidores da protease pode reduzir as concentrações séricas dessa classe, aumentando o risco de resistência ao antiretroviral e falhas no tratamento.(17,18) Além disso, pode diminuir a efetividade da clorzoxazona por induzir o seu metabolismo.(19,20)
FORMAS FARMACÊUTICAS
Tintura, alcoolatura, extrato fluido e cápsulas com o óleo.(3,4,32)
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E POSOLOGIA
(DOSE E INTERVALO)
Oral. Tintura (1:5 em álcool 45%): acima de 12 anos tomar 50 a 100 gotas (2,5 a 5 mL) da tintura diluídas em 75 mL de água, duas a três vezes ao dia. (3) Óleo: 2-5 mg (dose diária).(4) Pó seco: 0,4-1,2 g (dose diária).(4) Alcoolatura e extrato fluido: 1 a 2 mL diluídos em 75 ml de água duas vezes ao dia.(32,33)
TEMPO DE UTILIZAÇÃO
Não foram encontrados dados descritos na literatura consultada sobre o tempo máximo de utilização. O tempo de uso depende da indicação terapêutica e da evolução do quadro acompanhada pelo profissional prescritor.
SUPERDOSAGEM
Não foram encontrados dados descritos na literatura consultada sobre problemas decorrentes de superdosagem. Em caso de administração de quantidades acima das recomendadas, suspender o uso e manter o paciente sob observação.
PRESCRIÇÃO
NOMES COMERCIAIS
Fitoterápico isento de prescrição médica.
Allium Sativum D1 1mL/mL, caixa com 1 frasco gotejador com 30mL de solução de uso oral
Variação de Preço: -
PRINCIPAIS CLASSES QUÍMICAS
Terpenos, ácidos graxos, organosulfurados, saponinas e fenilpropanoides.(5)
INFORMAÇÕES SOBRE SEGURANÇA E EFICÁCIA
ENSAIOS NÃO-CLINICOS
FARMACOLÓGICOS
O mecanismo, da hipocolesterolemia e da hipolipidemia produzidas pelo extrato de A. sativum, envolve a inibição da enzima hepática hidroximetilglutaril-CoA redutase (HMG-CoA redutase) e o remodelamento das lipoproteínas plasmáticas e das membranas celulares.(21,22) Em concentrações menores que 0,5 mg/mL, o extrato obtido de A. sativum inibe a atividade da HMG-CoA redutase. Entretanto, em maiores concentrações, ocorre a inibição de outras enzimas em estágios mais tardios da biossíntese do colesterol. Esse mecanismo foi constatado in vitro devido, principalmente, aos organosulfurados alicina e alhoeno, presentes no alho. A atividade anti-hipertensiva foi demonstrada in vivo para A. sativum. O mecanismo sugere a diminuição da resistência vascular por relaxamento direto da musculatura lisa devido à hiperpolarização causada pela abertura dos canais de K+, o que resulta em vasodilatação também decorrente do fechamento dos canais de cálcio.(23,24)
ENSAIOS NÃO-CLINICOS
TOXICOLÓGICOS
Atóxico de acordo com os dados descritos na literatura consultada.(5)
ENSAIOS CLINICOS
FARMACOLÓGICOS
Sobre o efeito do A. sativum na pressão arterial, numa metanálise revisou-se um total de 11 estudos randomizados e controlados, utilizando entre 0,60 - 0,90 g/dia de comprimidos do pó seco, com duração média de 12 semanas. Em oito deles utilizaram 415 sujeitos de pesquisa e em três estudos utilizaram sujeitos de pesquisa portadores de hipertensão arterial. Em sete estudos compararam A. sativum com placebo, em três deles houve um decréscimo na pressão sistólica, e em quatro estudos houve redução na pressão diastólica. Os resultados proporcionaram evidências para o uso de A. sativum na hipertensão arterial.(25) Quanto aos efeitos de A. sativum sobre os lipídios séricos e lipoproteínas, foram identificadas duas metanálises e sete revisões sistemáticas, em que atribuíram um efeito significativo do alho na redução do colesterol total e LDL em indivíduos com hipercolesterolemia. (26) Tal revisão incluiu 39 ensaios clínicos, em que uti- lizaram o alho como monoterapia, por pelo menos duas semanas. Uma metanálise de 25 estudos randomizados e controlados foi realizada com a dose diária variando entre 600-900 mg em comprimidos com pó seco. A duração média dos estudos foi de 12 semanas. No geral, os sujeitos de pesquisa que receberam A. sativum tiveram, em média, redução de 12% na taxa de colesterol total e diminuição de 13% na taxa de triglicerídeos séricos, confirmando a ação hipolipemiante de A. sativum. (27) Em outra metanálise de estudos controlados chegou-se a conclusões semelhantes quanto aos efeitos de A. sativum sobre o colesterol,(28) assim como em outra revisão sistemática de oito estudos.(29) Dentre esses estudos, em sete usaram como dose diária entre 0,60 - 0,90 g, reduzindo o colesterol sérico e os níveis de triglicerídeos em 5-20%.(29) Tratamentos com o pó de A. sativum, 300 mg, três vezes ao dia, e benzofibrato 200 mg, três vezes ao dia, por 12 semanas, foram igualmente efetivos no tratamento de 98 pacientes com hiperlipidemia primária num estudo multicêntrico e randomizado. Ambos medicamentos causaram redução estatisticamente significativa do colesterol total, na lipoproteína de baixa densidade (LDL) e dos triglicerídeos, além de aumento na lipoproteína de alta densidade (HDL).(11) Foi observado aumento da atividade fibrinolítica em pacientes portadores de aterosclerose depois da administração de extrato aquoso, pó e óleos essenciais de A. sativum. (30) Em estudos clínicos concluíram que o A. sativum ativa a fibrinólise endógena e que esse efeito é detectável nas primeiras administrações e se intensifica quando administrado regularmente. (31) Doses de 600-1200 mg de pó de A. sativum diminuíram a viscosidade plasmática e os níveis do hematócrito.(29)
FONTE
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Farmacopeia Brasileira. Memento Fitoterápico, 1° Edição, 2016. Disponível em: http://bit.ly/2LMgjOy
SELEÇÃO DE PUBLICAÇÕES
-
Effect of Raw Crushed Garlic (Allium sativum L.) on Components of Metabolic Syndrome. Choudhary PR, Jani RD, Sharma MS. J Diet Suppl. 2018 Jul 4;15(4):499-506. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28956671
Conclusões: “There was no significant difference found in body mass index (p > .05) of patients with metabolic syndrome after consumption of raw crushed garlic for 4 weeks. Raw crushed garlic has beneficial effects on components of metabolic syndrome; therefore, it can be used as an accompanying remedy for prevention and treatment of patients with metabolic syndrome”.
-
Antileishmanial and Immunomodulatory Activity of Allium sativum (Garlic): A Review. Foroutan-Rad M, Tappeh KH, Khademvatan S. J Evid Based Complementary Altern Med. 2017 Jan;22(1):141-155. Epub 2015 Dec 30. Review. Free PMC Article. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26721553
Conclusões: “In summary, garlic with immunomodulatory effects and apoptosis induction contributes to the treatment of leishmaniasis”.
Fonte: PubMed; Descritores: Allium sativum [Título]; Filtro: Humano [MeSH Terms]; Período: (2016/01/01 - 2018/12/31)
REFERÊNCIAS
(1) TROPICOS. Disponível em: . Acessado em: 06 maio 2016.
(2) BRAKO, L.; ROSSMAN, A. Y.; FARR, D. F. Scientific and Common Names of 7,000 Vascular Plants in the United States. [St. Paul, MN: APS Press], 1995.
(3) BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. 1. ed. Brasília, DF: ANVISA, 2011. 126p.
(4) WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO monographs on selected medicinal plants. Geneva, Switzerland: World Health Organization, v. 1, p. 16-32, 1999.
(5) D’IPPOLITO, J. A. C.; ROCHA, L. M.; SILVA, R. F. Fitoterapia Magistral: Um guia prático para a manipulação de fitoterápicos. Anfarmag, 2005.
(6) RAHMAN, K.; LOWE, G. M. Garlic and Cardiovascular Disease: A Critical Review. The Journal of Nutrition, v. 22, p. 736-740, 2006.
(7) RIED, K.; FRANK, O. R.; STOCKS, N. P. Aged garlic extract lowers blood pressure in patients with treated but uncontrolled hypertension: a randomised controlled trial. Maturitas, v. 67, n. 2, p. 144-50, 2010.
(8) RIED, K.; FRANK, O. R.; STOCKS, N. P.; FAKLER, P. et al. Effect of garlic on blood pressure: a systematic review and meta-analysis. BMC cardiovascular disorders, v. 8, p. 13, 2008.
(9) ARTECHE, A.; VANACLOCHA, B.; GUENECHEA, J. L.; MARTINEZ, R. (Ed.). Fitoterapia, Vademécum de Prescripción: plantas medicinales. 3. ed. Barcelona: Masson. 1998.
(10) ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. [1. ed. Buenos Aires: Isis Editora], 1998.
(11) BLUMENTHAL, M.; GOLDBERG, A.; BRINCKMANN, J. Herbal Medicine. Expanded Commission E monographs. American Botanical Council, Austin, TX, USA. 2000.
(12) ASERO, R.; MISTRELLO, G.; RONCAROLO, D.; et al. A case of garlic allergy. J Allergy Clin Immunol, v. 101, n. 3, p. 427-428, 1998.
(13) JUNG, E. M.; JUNG, F.;, MROWIETZ, C.; et al. Influence of garlic powder on cutaneous microcirculation. A randomized placebo-controlled double-blind cross-over study in apparently healthy subjects. Arzneimittelforschung [Drug Research], v. 41, n. 6, p. 626-630, 1991.
(14) ROSE, K. D.; CROISSANT, P. D.; PARLIAMENT, C. F.; LEVIN, M. B... Spontaneous spinal epidural hematoma with associated platelet dysfunction from excessive garlic consumption: a case report. Neurosurgery; v. 26, p. 880-882, 1990.
(15) BERTHOLD, H. K.; SUDHOP, T.; VON BERGMANN, K. Effect of garlic oil preparation on serum lipoproteins and cholesterol metabolism: a randomized controlled trial. JAMA, v. 279, n. 23, p. 1900-1902, 1998.
(16) MICROMEDEX. Disponível em: . Acesso em: 23 fev. 2015.
(17) GALLICANO, K.; FOSTER, B.; CHOUDHRI, S. Effect of short-term administration of garlic supplements on single-dose ritonavir pharmacokinetics in healthy volunteers. Br J Clin Pharmacol, v. 55, n. 2, p. 199-202, 2003.
(18) PISCITELLI, S. C.; BURSTEIN, A. H.; WELDEN, N. et al. The effect of garlic supplements on the pharmacokinetics of saquinavir. Clin Infect Dis, v. 34, n. 2, p. 234-238, 2002.
(19) GURLEY, B. J.; GARDNER, S. F.; HUBBARD, M. A.; et al. Cytochrome P450 phenotypic ratios for predicting herb-drug interactions in humans. Clin Pharmacol Ther, v. 72, n. 3, p. 276-287, 2002. (20) HOLZGARTNER, H,; SCHMIDT, U.; KUHN, U. Comparison of the efficacy and tolerance of a garlic preparation vs bezafibrate. Arzneimittel forschung, v. 42, n. 12, p. 1473- 1477, 1992.
(20) STARGROVE, M. B.; TREASURE, J.; MCKEE, D. L. Herb, Nutrient and Drug Interactions: Clinical Implications and Therapeutic Strategies. St. Louis, MO: Mosby Elsevier, 2008.
(21) AL-NUMAIR, K. S. Hypocholesteremic and Antioxidant Effects of Garlic (Allium sativum L.) Extract in Rats Fed High Cholesterol Diet. Pakistan Journal of Nutrition, v. 8, p. 161-166, 2009
(22) BROSCHE, T.; PLATT, D. Garlic. British Medical Journal, v. 303, p. 785, 1991.
(23) OZTURK, Y. et al. Endothelium-dependent and independent effects of garlic on rat aorta. Journal of ethnopharmacology, v. 44, p. 109- 116, 1994.
(24) SIEGEL, G. et al. Potassium channel activation in vascular smooth muscle. In: FRANK, G. B. (ed.). Excitation - contraction coupling skeletal, cardiac and smooth muscle. New York: Plenum Press, p. 53-72, 1992.
(25) NEIL, H. A.; SILAGY, C. A. A meta-analysis of the effect of garlic on blood pressure. Journal of hypertension, v. 12, p. 463-468, 1994.
(26) RIED, K.; TOBEN, C.; FAKLER, P. Effect of garlic on serum lipids: an updated meta-analysis. Nutrition Reviews, v. 71, n.5, p. 282-299, 2013.
(27) NEIL, H. A.; SILAGY, C. A. Garlic as a li- pid lowering agent: a meta-analysis. Journal of The Royal College of Physicians of London, v. 28, p. 39-45, 1994.
(28) NEIL, H. A.; SILAGY, C. A. Garlic: its car- dioprotectant properties. Current opinions in li- pidology, v. 5, p. 6-10, 1994.
(29) WARSHAFSKY, S.; KARNER, R. S.; SIVAK, S. L. Effect of garlic on total serum cholesterol. A metaanalysis. Annals of internal medicine, v. 119, p. 599-605, 1993.
(30) HARENBERG, J.; GIESE, C.; ZIMMERMANN, R. Effects of dried garlic on blood coagulation, fibrinolysis, platelet aggregation, and serum cholesterol levels in patients with coronary artery disease. Atherosclerosis, v. 74, p. 247-249, 1988.
(31) KOCH, H. P.; LAWSON, L. D. Garlic, the science and therapeutic application of Allium sa- tivum L. and related species. Baltimore: Williams and Wilkins, 1996.
(32) PEREIRA, A. M. S.; BERTONI, B. W.; SILVA, C. C. M.; FERRO, D.; CARMONA F.; CESTARI, I. M.; BARBOSA, M. G. H. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 1. ed. Uberaba: Bertolucci, 2014. v. 1. 406p.
(33) CARVALHO, J. C. T. Fitoterápicos antiinflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto, Brasil: Tecmedd Editora, 2004.
Imagem. Allium sativum (garlic) - Allium sativum (garlic). Kew Royal Botanic Gardens. Disponível em: https://www.kew.org/. “RBG, Kew cannot warrant the quality or accuracy of the data.”
ENSAIOS CLINICOS
TOXICOLÓGICOS
Não há relatos de toxicidade nas doses recomendadas.(5)
